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CLÍNICA GERAL

Dr. Enzo Ferrari

Demência e doença de Alzheimer: Quando a memória falha e dependência se instala

O esquecimento que experimentamos no dia-a-dia, principalmente ao envelhecermos, nem sempre deve ser visto como algo negativo. Ele é um mecanismo normal que permite ao nosso cérebro filtrar informações e memorizar aquilo que, para nós, é importante em determinado momento. Quando as falhas de memória ficam mais intensas e começam a atrapalhar as nossas atividades diárias, aí sim, elas devem ser corretamente avaliadas e distinguidas da demência, que é o termo médico correto para aquilo que as pessoas leigas conhecem como “esclerose” ou “caduquice”.

A pessoa com demência apresenta perda progressiva de suas habilidades intelectuais, com comprometimento da memória, do pensamento, do juízo crítico, da orientação, do comportamento, da linguagem e das emoções. Com o passar do tempo, ela se torna cada vez mais dependente dos cuidados de terceiros e necessita de ajuda para as atividades vida diária. No início, tem dificuldades para cuidar das finanças, fazer compras, preparar as refeições, lembrar-se do horário e do modo de usar os medicamentos e cuidar da casa. Pode perder-se em caminhos conhecidos e ficar desorientada com relação a data. Nas fases mais avançadas, apresenta dificuldades para banhar-se, vestir-se, usar o vaso sanitário e, no final, alimentar-se. O custo dessa dependência para os familiares e para a sociedade é elevado. Por isso, exames com o objetivo de se fazer um diagnóstico precoce são importantes.

A demência não é uma consequência natural do processo do envelhecimento, Ela pode ser causada por uma infinidade de enfermidades, desde uma simples deficiência de vitaminas até doenças degenerativas cerebrais. Por isso, é necessário fazer uma boa avaliação médica e submeter o paciente a alguns exames para se estabelecer o diagnóstico correto da causa e instituir o tratamento adequado o mais breve possível.

Infelizmente, em cerca de 80% dos casos, a demência é causada por uma doença ainda incurável. No nosso meio, a doença de Alzheimer é a mais comum e corresponde a 55 a 60% dos casos. Mesmo incurável, essa doença pode e deve ser tratada com o objetivo de se melhorar os sintomas e a qualidade de vida dos pacientes e de seus cuidadores. O Ministério da Saúde do Brasil fornece, gratuitamente, em centros de referência, os medicamentos indicados para minimizar os sintomas e melhorar a evolução da doença de Alzheimer.

O diagnóstico deve ser feito por um médico especializado, que pode ser um Geriatra, um Neurologista ou um Psiquiatra. Na maioria das vezes, ele é feito baseando-se em critérios clínicos, porém os exames, inclusive tomografia e ressonância cerebral, são necessários para se afastar outras causas.

O paciente com doença de Alzheimer ou qualquer outra causa de demência irreversível necessita de acompanhamento médico constante, de preferência por um profissional que possa cuidar não só da demência, mas também de outras doenças que muitas vezes acometem o paciente idoso e que no paciente com as funções mentais comprometdas podem passar despercebidas. O médico especialista e envelhecimento e doenças dos idosos, o Geriatra, tem conhecimentos e habilidades para cuidar desses pacientes.

Com a evolução, pode ser necessário o acompanhamento e orientação de outros profissionais de saúde, como psicólogo, fisioterapêuta, terapêuta ocupacional, nutricionista, fonoaudiólogo e enfermeiro. Se este profissional tiver uma especialização em envelhecimento e saúde do idoso, ou seja em Gerontologia, ele terá uma habilitação maior ainda para cuidar desse tipo de paciente.

O apoio de associações de cuidadores e familiares, como a ABRAZ, é muito importante, pois cuidar de um paciente que perde progressivamente a memória e as demais funções intelectuais é, em geral, muito desgastante.

Se o seu familiar começar a ter problemas de memória não banalize o fato achando que pode ser consequência natural do envelhecimento, mas também não se desespere achando que é doença de Alzheimer. Na presença dos sintomas de alerta, a pessoa deve ser encaminhada a um médico especializado para avaliação adequada.

10 SINAIS DE ALERTA: •  P erda de memória que afeta as atividades da vida diária e a capacidade de cuidar de si próprio. É normal esquecer compromissos, nomes, telefones e onde guardou objetos, mas depois lembrar-se. O paciente demenciado esquece com muitos mais frequência e não se lembra depois. •  Dificuldade em realizar tarefas familiares e habituais. •  Problemas com a linguagem. Esquece as palavras, substitui por outras inadequadas para o momento. •  Desorientação quanto ao local e ao tempo. Não sabe onde está, que dia é hoje. •  D ificuldades de julgamento. Ex: fica tão absorvido com uma tarefa que esquece de outra mais importante. •  Dificuldade com o pensamento abstrato. Ex: Não entende piadas, não entende o que se passa no programa de TV, confunde com a realidade. •  Perde objetos •  Alterações do comportamento. Ex: tristeza, apatia, desinteresse, irritabilidade. •  Alterações da personalidade. Ex: Torna-se extremamente desconfiado, confuso ou medroso.